8 de set. de 2011

Como era a pessoa de Jesus Cristo

A gravura  de Jesus pintada pelo próprio Públios Lentulus

Públius Lentulus antecedeu  Pôncio Pilatos como governador da Judéia, na época em que Jesus Cristo iniciou seu ministério.
O texto abaixo é a tradução de  uma carta que ele escreve a César Augusto, Imperador de Roma.  O texto original encontra-se na biblioteca do Vaticano, com sua comprovada autenticidade, tornou-se, fora da Bíblia, o documento mais importante sobre a pessoa do Senhor Jesus.

Carta do governador da Judéia, Públios Lentulus, ao César Romano

‘Soube ó César, que desejavas informações acerca desse homem virtuoso que se chama Jesus, que o povo considera um profeta, e seus discípulos, o filho de Deus, criador do céu e da terra.

Com efeito, César, todos os dias se ouvem contar dele coisas maravilhosas.
Numa palavra, ele ressuscita os mortos e cura os enfermos.
É um homem de estatura regular, em cuja fisionomia se reflete tal doçura e tal dignidade que a gente sente obrigado a amá-lo e temê-lo ao mesmo tempo.

A sua cabeleira tem até as orelhas, a cor das nozes maduras e, daí aos ombros tingem-se de um louro claro e brilhante; divide-se uma risca ao meio, á moda nazarena.
A sua barba, da mesma cor da cabeleira, e encaracolada, não longa e também repartida ao meio.
Os seus olhos severos têm o brilho de um raio de sol; ninguém o pode olhar em face.

Quando ele acusa ou verbera, inspira o temor, mas logo se põe a chorar.  Até nos rigores é afável e benévolo.
Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas muitas vezes foi visto chorando.
As suas mãos são belas como seus braços, toda gente acha sua conversação agradável e sedutora.
Não é visto amiúde em público e, quando aparece, apresenta-se modestissimamente vestido. 
O seu porte é muito distinto. É belo.

Sua mãe, aliás, é a mais bela das mulheres que já se viu neste país.
Se o queres conhecer, ó César, como uma vez me escreveste, repete a tua ordem e eu te o  andarei.
Se bem que nunca houvesse estudado, esse homem conhece todas as ciências, anda descalço e de cabeça descoberta. 
Muitos riem, quando ao longe o enxergam; desde que porém se encontram face a face com ele, tremem e admiram-no.

Dizem os hebreus que nunca viram um homem semelhante, nem doutrinas iguais às suas.
Muitos crêem que ele seja Deus, outros afirmam que é teu inimigo, ó César.
Diz-se ainda que ele nunca desgostou ninguém, antes se esforça para fazer toda gente venturosa.


PS:
O mais curioso e espetacular de tudo isso é que após a crucificação do Senhor Jesus,  Públius Lentulus tornou-se seu seguidor e, juntamente com sua filha Lívia, levou a palavra de Deus aos povos da época.

4 de ago. de 2011

Contraste de Vidas




“Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou causar dano a si mesmo?” (Lucas 9:25)
             Nestes últimos dias fomos surpreendidos por duas notícias de falecimento: a do teólogo, exegeta e pastor Rev. John Stott, que faleceu no dia 27, com 90 anos de idade; e a da cantora Amy Winehouse, que faleceu no dia 23, com 27 anos de idade. Ambos eram ingleses e gozavam de reconhecimento internacional, embora por públicos diametralmente distintos.
            Sem dúvida, ambos tiveram talentos e estilos de vida peculiares. Entretanto, ambos revelaram importantes aspectos sobre a vida do ser humano na face da terra. É bem verdade ser impossível avaliar a importância da vida de cada ser humano que vive ou viveu aqui na terra. Seria, creio eu, no mínimo, insensato generalizar. Cada ser humano tem propósitos a cumprir, o que compete a Deus unicamente ajuizar.
            O Rev. John Stott foi um estudioso da Bíblia e da Teologia Cristã. Foi, por um tempo, Conselheiro da Rainha Elizabeth, da Inglaterra. Publicou diversos livros de inquestionável importância, muitos deles traduzidos para o português. Um homem que se dedicou com afinco ao serviço do próximo. Fez bom uso da inteligência que Deus lhe presenteou, além de deixar exemplo positivo de amor à vida.
            Já a cantora Amy Winehouse, que era dotada de um talento musical incomum e extraordinário, deixou um exemplo negativo por conta de seu comportamento autodestrutivo, fato este que lamentamos com muita tristeza. O uso compulsivo de drogas, incluindo o álcool, que também é uma droga, denunciava o seu desamor pela vida, a sua infelicidade, os seus conflitos interiores não resolvidos e um desprezo completo pela sociedade humana. Falo de modo generalizado, pois é isto o que normalmente acontece com pessoas que optam pelo caminho das drogas. Eles fogem da realidade, desejam satisfazer uma insatisfação profunda, buscam o utópico (o não-lugar), imaginam-se poder alcançar um viés alternativo para suas existências (o que é conflitante com o curso normal da vida humana). Com apenas 27 anos de idade, foi vítima de um suicídio prolongado e, talvez, programado e aspirado.
            Não foi necessariamente a ausência de drogas que fez o Rev. John Stott viver 90 anos, nem foi o uso das drogas que reduziram a vida da cantora Amy Winehouse a 27 anos. Foi, sim, o propósito de vida de cada um: o amor ou desamor à existência; o comprometimento ou descompromisso com sua missão aqui na terra.
            Fomos criados para viver em coletividade, o isolamento, o egoísmo, a individualidade e a independência, que são postulados da pós-modernidade, geram no íntimo um vazio imenso no ser humano que, em desespero corre atrás de substitutos ineficazes. Jamais, em toda a história da humanidade, as riquezas, o poder, a fama, os prazeres, os excessos, as drogas (sob mil fórmulas diferentes), foram capazes de atender aos anseios humanos.
            Não podemos curtir a nossa existência promovendo picos de euforia e sensacionalismo todo o tempo. De show em show, de experiências inusitadas na prática de esportes radicais, nem da folia das drogas. As descargas de adrenalina que são provocadas ou induzidas, não devem ser referenciais de felicidade. Diz o livro de Provérbios: “Até no riso tem dor o coração, e o fim da alegria é tristeza” (14:13).
            A vida reclama resignação, luta, sacrifício, determinação. Temos de perseverar em tempos de escassez, de insucesso, de decepções e de descrédito. O inesperado e o indesejado acontece mesmo, e com qualquer pessoa, provocando a oportunidade para o exercício da superação. De nada adianta entregar-se às vicissitudes e vaivens da nossa caminhada aqui na terra. Fomos dotados de força interior inesgotável, comumente denominada de “capacidade de superação”, a fim de transpor estes obstáculos indesejáveis que se erguem como se fossem muralhas instransponíveis.
            O rev. John Stott sabia disto, aprendeu com Jesus que “no mundo passaria por aflições”, mas que, com bom ânimo, venceria o mundo (Jo. 16:33), assim como Cristo o venceu. Ele não se deixou iludir por propagandas fictícias e fantasiosas de um mundo impulsionado pela mola enganadora das vãs filosofias. Ele também conhecia o Provérbio: “Há caminhos que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” (14:12).
            Como diz o nosso texto básico: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou causar dano a si mesmo?” Viver com Cristo é abraçar a esperança, confiar nos seus ensinos é acertar no estilo de vida promissor, amar o seu evangelho é trilhar por veredas seguras e inabaláveis. Sem Cristo nos autodestruímos, causamos danos irreparáveis a nós mesmos e a vida parece nunca fazer sentido.
            Vamos escolher a VIDA: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”! (Jo. 10:10). “...Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando o SENHOR, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e apegando-te a ele; pois disto depende a tua vida e a tua longevidade...” (Dt. 30:19b-20).
Rev. Miguel Cox

7 de jun. de 2011

A fabulosa mente humana

O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos..

Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio.... você começará a perder a noção do tempo.

Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea.

Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol.

Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:

Nosso cérebro é extremamente otimizado.

Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho.

Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia.

Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade.

Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo.

É quando você se sente mais vivo.

Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e 'apagando' as experiências duplicadas.

Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente.

Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo.

Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo.

Como acontece?

Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a magem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa , no lugar de repetir realmente a experiência).

Ou seja, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente.

Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa são apagados de sua noção de passagem do tempo.

Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida.

Conforme envelhecemos as coisas começam a se repetir - as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações, -.... enfim... as experiências novas aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo.

Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década.

Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a...
ROTINA.

A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.

Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e Marque).

Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos.

Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas.

Tenha filhos (eles destroem a rotina) e sempre faça festas de aniversário para eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia).

Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais.

Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma, visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo.

Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.

Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes.

Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes.

Seja diferente.

Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos.. . em outras palavras... V-I-V-A. !!!

Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.

E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o... do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.

Cerque-se de amigos.

Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes.

Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é?

Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.
E S CR EVA em tAmaNhos diFeRenTes e em CorES di fE rEn tEs !

Somos a obra prima da criação para operar as maravilhas desse Deus maravilhoso - isto é fantástico!!!

29 de abr. de 2011

Contra fatos não há argumentos...


“Porque me viste, crestes? Bem aventurados os que não viram e creram”! (João 20:29)

Esse é um princípio legal. O fato prevalece diante de qualquer argumento contrário. Gosto do relato da atitude que teve São Tomé sobre a ressurreição de Cristo. Somos levados a enxergar o contrário e pensamos: como esse cara era incrédulo! Mas, na verdade, ele desempenhou um papel crucial para que creiamos na ressurreição de Cristo.

No primeiro dia da semana, para nós o domingo, as mulheres foram ao sepulcro esperando encontrar o corpo morto de Jesus na sepultura e embalsamá-lo, conforme o costume da época. Ao chegarem lá tiveram uma grande surpresa: A pedra estava removida e havia um anjo sentado sobre ela que disse: “porque buscais entre os mortos aquele que vive? Ele não está aqui, ressuscitou como havia dito”! (Mateus 28:5,6)

Elas, por sua vez, correm e relatam aos apóstolos Pedro e João. Eles correm ao sepulcro e igualmente não viram o corpo de Cristo, mas o túmulo vazio, e creram. Neste mesmo dia Jesus aparece a dois discípulos a caminho a Emaús, conversa com eles sobre o que os profetas predisseram à cerca do Messias e desaparece. Quando todos estão reunidos, Jesus aparece no meio deles e todos creram. Menos um que não estava presente: Tomé!

Eles, por sua vez, contam a Tomé tudo o que ocorreu e que Jesus Ressuscitado havia aparecido a eles. Mas a atitude de Tomé a estes relatos era como se dissesse assim: ”que história absurda é essa! Tá vendo que eu não acredito no que vocês estão dizendo! Isto é conversa de vocês! Claro que Ele não ressuscitou”! E por oito dias seguidos, de segunda a sábado (no nosso calendário), Tomé asseverava: “Não creio! Não creio! Não creio”!

A princípio estranhamos esta reação de Tomé visto que ele era um dos doze apóstolos e estava descrendo no relato de todos os outros. Eram dez contra um (Judas já havia se excluído). Esperava-se que ele, ao menos, cresse no que os seus amigos e as mulheres que foram ao sepulcro expunham. Mas não, ele teimava em não dar crédito a eles.

Mas, acontece uma surpresa! “Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos e Tomé como eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste?Bem aventurados os que não viram e creram” (João 20:26-29).

Tomé creu na evidência. Na prova cabal. No fato incontestável. Ele, depois deste encontro pessoal com Cristo Ressurreto, não mais podia continuar cultivando o seu ceticismo obstinado. Concluímos então que, se até Tomé creu, é que de fato a ressurreição de Cristo aconteceu. Se Tomé creu, você não tem desculpas para não crer!

Sinceramente, aqueles que ainda hoje teimam negar a Ressurreição de Cristo o fazem muito mais por um ato de rebeldia do que de incredulidade. Rebeldia, sim, pois se admitir que crer, terá de comprometer-se com Cristo, como não se quer este compromisso, nega-se obstinadamente a sua ressurreição. Só que, o grande problema é enfrentar a impossibilidade de se desmanchar um fato ocorrido. Por exemplo: o meu pai morreu, se eu disser que ele ainda está vivo, deverei apresentá-lo vivo àqueles que o conheceram. Mas eu não posso fazê-lo, pois ele morreu há nove anos atrás. Entretanto, a minha Mãe ainda está viva. E quando as pessoas me perguntam por eles, eu digo assim: O meu Pai é falecido, mas a minha Mãe ainda está viva, e as pessoas acreditam. Pois não sou nenhum louco de dizer o contrário. Eu não posso provar que a minha Mãe morreu, se ela ainda está viva, nem que o meu Pai está vivo, se ele já morreu! Não há argumentos contra estes fatos!

Da mesma forma, não há provas de que Cristo não ressuscitou. Quem jamais foi capaz de provar que Ele não reviveu? Como provar a sua permanência no túmulo? Não há (nem houve) como! Os Sacerdotes Judeus e a Guarda Romana o teriam feito! Era somente levar as pessoas até o túmulo lacrado e fazer uma exumação de cadáver. Mas não o fizeram. Por quê? Porque não mais havia túmulo lacrado nem cadáver dentro dele! A pedra fora removida e o túmulo estava vazio.

Os túmulos dos fundadores das religiões estão por aí, espalhados pelo mundo inteiro e são visitados por milhares de devotos e turistas. Mas o que dizem ser o de Cristo, ele está vazio! E isto é FATO!

Cinquenta dias após da Ressurreição de Cristo estavam os apóstolos em Jerusalém, na cidade onde Cristo fora crucificado, anunciando para as multidões que Ele havia ressuscitado dentre os mortos (Atos 2). E por que não provaram o contrário, repito, com uma exumação de cadáver? Simplesmente porque não havia cadáver!

Mas, concluindo, não foi apenas Tomé que creu depois da evidência indiscutível. TODOS os apóstolos e as mulheres, só creram porque viram, ouviram, abraçaram, dialogaram, enfim, conviveram com Jesus Cristo ressuscitado! Há provas incontestáveis da sua ressurreição. Abrindo as páginas da Bíblia encontrá-las-emos!

Bem aventurados! Felizes! Afortunados! São aqueles que não O viram, mas creram!

Texto do Rev. Miguel Cox

2 de mar. de 2011

O insolúvel conflito entre religião e evangelho






Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que Ele estava na cidade. Muitos afluíram para o lugar onde Ele estava, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e Jesus anunciava-lhes a Palavra. Alguns foram ter com Ele conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. E, não podendo aproximar-se Dele, por causa da multidão, descobriram o telhado no ponto correspondente ao em que Ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente.

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Em que igreja alguém teria a liberdade de quebrar o telhado e baixar alguém para dentro do culto sem ser preso ou ter que indenizar a igreja por danos no telhado?

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Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados.

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Pode haver desejo mais puro, mais humano, mais divino e mais sublime, do que este desejo de que os pecados sejam perdoados? Qualquer interpretação maligna viria do fato que eles sabiam que Jesus não só falava sério, mas que o que Ele dizia era também verdade para quem ouvia.

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Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?

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Somente almas adoecidas pelos ritos morais de doutrinas de pedra podem se infelicitar com a afirmação de que os pecados de um outro homem estão perdoados. Questionar tal realidade é questionar a essência do ensino de Jesus quanto ao fato que Ele mesmo ordenou que Seus discípulos perdoassem pecados, como Deus mesmo perdoa. O cerne do ensino de Jesus acerca de Deus em relação aos homens, e dos homens em relação uns aos outros, é que pecados são perdoados. Mas isto escandaliza a religião, posto que ela se julga a detentora do poder de dizer quando ou não Deus perdoou ou deve ter perdoado algum pecado.

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E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados— disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!

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O Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados! A ironia é que os homens crêem muito mais que paralíticos podem ser curados do que pecados podem ser perdoados. Aceitar que o Filho do Homem tem autoridade para perdoar pecados, e, aceitar que os pecados estão perdoados, os nossos ou os dos outros, é que é um grande desafio para a alma. Por isso todos crêem em ‘milagres’, mas poucos crêem em perdão; no seu próprio e no concedido e recebido por outros.

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De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a multidão vinha ao seu encontro, e Ele os ensinava. Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu.

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Procurar a Levi no escritório, no lugar das cobranças de impostos, o qual estava lotado de devedores, os quais bem conheciam quem era Levi, ou Mateus, era algo profundamente provocativo em todas as perspectivas. Mas Jesus escolhe o homem mal visto para ver o bem.

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Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com Ele e com Seus discípulos muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o seguiam.

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O fato de Mateus ter sido convidado e aceito andar com Jesus, certamente criou no coração de todos os cobradores de impostos [publicanos] e de todos os demais indivíduos que se sentiam marginalizados pela religião e suas leis e morais [os pecadores], bastante confiança diante de Jesus. Ele não julgava as pessoas e nem se deixava seqüestrar por estereótipos. Por isso os homens normais confiavam Nele.

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Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos Dele: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores?

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Comer e beber sempre foram gestos de amizade e companheirismos. A palavra companheiro significa ‘aquele que divide o pão’—com-pan... Mas nos dias de Jesus aquele ato e com aquelas pessoas evocava uma união e uma identidade que assustava a casta dos religiosos, com suas Morais Separatistas, com seus Apartheides e com seus Campos de Separação dos demais homens. Assim, comer com publicanos e pecadores—coisa simples e normal, comum, sadia, e própria da vida—, se torna algo imenso, descomunal, carnal, impróprio, impuro, sacrílego, blasfemo. A alma que se torna moral nos sentido julgador da palavra tem em si o poder de chamar à existência as coisas que não existem. Neste caso, neste texto, nada estava acontecendo. Jesus estava apenas comendo com outros seres humanos. Mas a religião não reconhece humanidade senão nos que são clonados por ela.

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Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores.

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Jesus veio para todo aquele que diz: “Miserável homem sou!”; ou para quem diz: “Sou o maior dos pecadores”; ou até para quem diz como Friedrich Nietzsche: “Se realmente existe um Deus vivo, sou o mais miserável dos homens.” Os fariseus ouvem Nietzsche, e dizem: “Vejam! Ele próprio se condena!” Jesus, porém, pode ouvir de outra maneira, de tal modo que até o que a religião ouve como blasfêmia, pode, para Jesus, ser apenas confissão de necessidade. Mas os fariseus não podem se igualar desta forma aos homens. Eles podem até se dizer doentes. Porém, sempre dirão que ‘eram’ doentes, ‘antes’ de conhecerem a sua religião de agora. Mas jamais se colocarão em igualdade com os doentes crônicos, e que se internam para o resto da vida aos pés de Jesus.

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Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?

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Ninguém perdia a chance de tentar enquadrar a Jesus. Ele tinha que ceder. Alguma concessão à idiotice Ele teria que fazer. Sim, Ele precisa transigir, como fazem todos os seres que guardam alguma forma de interesse nas importâncias deste mundo. Por isso, talvez animados pelo fato de que Jesus demonstrava respeitar e amar João Batista, alguns fariseus ousaram tentar pegar Jesus em alguma forma de cooptação. Se Ele desse um dia para que tal coisa acontecesse, ou se aceitasse que se instituísse O Dia do Jejum de Jesus, na mesma hora tudo o que Ele ensinava viraria religião, e perderia o poder subversivo do Reino de Deus.

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Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão. Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotura. Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.

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Jesus lhes diz que ser Seu discípulo é discernir e possuir senso de propriedade. Não se faz jejum em dia de festa. No entanto, Jesus vai mais além, e os provoca evocando uma imagem de Festa, de Bodas do Noivo, de algo que tinha suas raízes no chão da maior alegria humana—o casamento—, mas que também remetia para a imagem e o arquétipo de uma Boda Escatológica. Ele diz que há algo Do Outro Mundo acontecendo entre eles, enquanto eles pensam em jejuar. Jesus diz que quem fosse Seu discípulo, então, que entrasse naquela festa de publicanos e pecadores, pois, era ali que estava o Reino de Deus; posto que onde quer que Jesus seja bem-vindo, aí o Reino faz pouso. No entanto, Ele prossegue também denunciando a impossibilidade de que aquela ‘nova’ maneira de ver a vida pudesse ser aceita por ‘olhos antigos’. Ele diz que não tentará fazer tal implante de consciência. Na realidade, Ele diz que seria e ficaria ainda pior. Ele sabe que certas consciências se cristalizam em certos estados, e começam a perder o viço da vida. Aceitar a vida no Reino e seu espírito de Bodas é inaceitável para aqueles que vivam do luto. Aquelas pesadas estruturas de tradição jamais aceitariam o Evangelho do reino. Assim, Ele também indica que o novo estava no mundo, entre publicanos e pecadores, nas esquinas, nas vielas, nas ruas, nas festas, nos caminhos, e nas veredas todas desta existência, onde houver alguém querendo. Jesus também ensinava que nem mesmo perder tempo quebrando paradigmas Ele perderia. Ele diz que põe novo no novo e não insiste em meter o novo no velho. É grande o estrago... Com isto Ele diz que estruturas mentais que se tornam coletivas e engessadas, são como algo que envelhece como pano ou saco de couro de odres de vinho. Para Ele elas deveriam acabar por si mesmas. Mas não há aqui uma fixação de nenhum estado de inconversibilidade. Qualquer individuo pode mudar. Mas o espírito de um tempo não se converte.

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Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam espigas. Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados?

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Agora a questão é o dia do Descanso Obrigatório, o Sábado, pois é isto aquilo no que ele se tornara. Era lícito segundo a Lei de Moises que as espigas das esquinas fossem deixadas aos pobres e necessitados, para que não houvesse fome na terra, mesmo que alguém não tivesse uma propriedade. A questão, no entanto, é se no Sábado isto poderia ser feito. Essa era a preocupação da religião, sempre aflita pelas causas importantes (rsrsrs), e sempre disposta a defender Deus das irreverências dos homens. Parecia que Deus não teria descanso se tudo não parasse na Terra. O homem teria que morrer de fome por amor a Deus nas beiradas dos campos de cheios de espigas de vida. O Deus da religião é do tamanho da mediocridade e da mesquinhez dos fariseus.

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Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros? Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam com ele?

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Jesus então escracha. Literalmente. Afinal, eles falavam de algo que existia em campo aberto e que poderia ser licito ou não dependendo do dia—no caso, o Sábado—; mas Jesus vai além, e coloca logo um questão—perguntando se nunca haviam lido acerca do assunto—que está muito mais para além de todas as expectativas. Ele diz que Davi comeu o pão sagrado, e comeu daquilo que era proibido comer em qualquer dia, e por qualquer pessoa que não fosse o sacerdote, e, ainda assim, conforme o rito..., e não pecou por isso. Assim, Jesus diz que a necessidade é maior do que qualquer lei da religião, e que o sagrado se faz santificado pela necessidade que é essencial à vida. Além disso, Ele declara o sacerdócio de Céu Aberto que Ele inaugurava, no qual todos os homens poderiam ganhar a consciência livre para saber a diferença entre o atender a uma necessidade básica da vida, e uma transgressão.

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E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado.

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Jesus se identifica com os humanos ao dizer que o Sábado foi feito para o homem, e não o contrário; para então concluir que sendo Ele humano, e, entre os humanos, o Filho do Homem; tanto pela Sua humanidade, quanto também pela Soberania do Significado dela, Ele era o Senhor do Sábado. Todavia, o tom no qual Ele se apresenta como o Filho do Homem é de Senhor do Sábado, o que equivale a Senhor da Criação. Aquele que diz quando é a hora do descanso. Para os ouvidos puristas e doentes de religiosidade dogmática e tradicional como os dos fariseus, aquela declaração era como alfinete nas nádegas da alma religiosa. Simplesmente não dava para ser menos explicito. Quem falava era o Senhor Homem.

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De novo, entrou Jesus na sinagoga e estava ali um homem que tinha ressequida uma das mãos. E estavam observando a Jesus para ver se o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem. E disse Jesus ao homem da mão ressequida: Vem para o meio! Então, lhes perguntou: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la? Mas eles ficaram em silêncio.

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Tudo começou com Jesus sendo provocado acerca de Sua amizade com pecadores. Depois Ele deu respostas. Agora Ele mesmo toma a iniciativa da provocação. Entra na Sinagoga e provoca. Põe um problema. E mais do que isto: Ele assume que para a mente religiosa fazer o que Ele faria seria uma “transgressão”, e faz assim mesmo. E faz tudo se explicar pelas razões de um coração paterno.

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Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaurada. Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos, contra ele, em como lhe tirariam a vida. Retirou-se Jesus com os seus discípulos para os lados do mar. Seguia-o da Galileia uma grande multidão. Também da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, dalém do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidom uma grande multidão, sabendo quantas coisas Jesus fazia, veio ter com ele.

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Ao fim desse intenso encontro as motivações ficam estabelecidas. A religião precisa matar Aquele que a desestabiliza tão radicalmente, tirando de suas mãos o poder e o controle. Já o caminho do Reino segue para o ar livre, não para os conluios da morte e nem para a conspiração dos mesquinhos e empedernidos de justiça própria, mas sim para as gentes, para todas as pessoas, abrindo-se em todas as direções, suscitando desejo por Deus em corações muito diferentes entre si. Todos, porém, abertos para Jesus. Esta é apenas uma página do Evangelho Segundo Marcos, mas poderia ser muito bem o resumo histórico acerca de como a Religião trata o Evangelho.

Nele, que é maior que todas as religiões e não cabe em nenhuma delas.

Rev. Caio Fábio