1 de jan. de 2009

O poder do silêncio...

O silêncio não combina com o poder, pois este se confunde com prepotência.

O Sol nasce e se põe em profunda quietude; move gigantescos sistemas planetários, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem a quebrar, acaricia as pétalas de uma rosa sem a ferir, e beija as faces de uma criança adormecida sem a acordar...

Na natureza encontramos lições preciosas de que o verdadeiro poder anda de mãos dadas com a quietude e o silêncio.
O verdadeiro poder não faz ruídos nem alardes.

As estrelas e galáxias descrevem as suas órbitas com estupenda velocidade pelas vias inexploradas do cosmos, mas nunca deram sinal da sua presença pelo mais leve ruído.
O oxigênio, poderoso mantenedor da vida, penetra em nossos pulmões, circula discreto pelo nosso corpo, e nem lhe notamos a presença.

A luz, a vida e o espírito, os maiores poderes do universo, atuam com a suavidade de uma aparente ausência...

Como nos domínios da natureza, o verdadeiro poder do homem não consiste em atos de força.
O verdadeiro poder está em fazer o bem e a violência é sinal apenas de fraqueza humana.
Os verdadeiramente grandes sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mais perfeita quietude e benevolência.

Deus, que é o supremo poder, age com tamanha ternura e quietude que a maioria dos homens não percebe sequer a Sua ação.

É essa a poderosa força silenciosa, na qual todos estamos mergulhados, que mantém o Universo em movimento, faz pulsar o coração dos pássaros e dos homens em perfeita harmonia.

Até mesmo a morte, chega mansamente como uma cirurgiã habilidosa, rompendo os laços que prendem a alma ao corpo, libertando-a do cativeiro físico.
As coisas do mundo de Deus têm um misterioso instinto, como que um sagrado pudor de não quererem ser violentadas e estupradas.
São tão delicadas e virginais que não querem ser possuídas à força.

As coisas do mundo de Deus só podem ser realmente possuídas assim como o Deus do mundo as possui: com suavidade e ternura; assim como a luz possui as flores, como o amor possui o amado, como a alma possui o corpo, como a vida possui o organismo.

Muitos julgam possuir as coisas da terra com o barulho da força , mas na realidade são apenas por elas possuídos e possessos.
Deus é amor.
O que não é unido pelo amor não é realmente unido.
Quem não possui pela alma não possui nada!
'Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra' - Jesus de Nazaré

( adaptação de George Arribas do texto original do Filósofo Huberto Rohden)

Um comentário:

  1. George Arribas, amigo de grandes respostas no YAHOO, a poesia do seu texto é encantadora, eleva bastante o pensamento àquilo que considero "a segunda vida" que temos no mundo natural: a subjetividade.
    Mesmo para um ateu convicto é inegável que temos uma vida subjetiva pautada em sonhos, emoções e sentimentos. A divisão corpo e mente, que fique claro que ambos pertencem ao mundo natural, tem suas necessidade particulares. O corpo está subjugado às leis da física enquanto a mente está subjugada às leis do pensamento racional, sentimentos e emoções, enfim, às idéias. É óbvio que precisamos cuidar do nosso corpo respeitado os limites da natureza e da mente respeitando os limites dos nossos intelectos, que são ilimitados.
    Para concluir: Não há mente que suporte as amarras da realidade, mas vamos, pelo menos, sonhar com os pés no chão e atingir um Nirvana mais verdadeiro e menos paranóico. E, em verdade, vos digo: Deus não é a única saída para o ser humano viver sua subjetividade com plenitude.

    (Texto postado na resposta do Yahoo)

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